Que a performance da seleção brasileira de futebol na Copa América 2024 foi um fiasco todo mundo já sabe. Mais uma vez não conseguiu resolver nos noventa minutos de jogo, nem na prorrogação e acabou levando para a disputa de pênaltis. Logo, assim como na Copa do Mundo, foi eliminada. Não vejo o brasileiro se empolgar com a seleção desde 2006 e o jejum de Copas vai bater o mesmo hiato entre 1970 e 1994. Detalhe que no título de 1994 a Copa também aconteceu nos EUA e a seleção estava muito desacreditada. Será um replay? Bem, vamos pagar para ver!
O Líder
Fora o clubismo, teve uma semana no jogo da eliminação contra o Uruguai que rodou o mundo todo: Dorival chegando atrasado na rodinha motivacional pré-cobrança de pênaltis. Qual é a posição do técnico para a equipe? Em inglês, o mesmo é chamado de “coach” que traduzindo seria treinador, no entanto, o líder máximo dos treinadores, pois há diversos auxiliares na parte técnica e de performance, é o “head coach”, ou seja, o cabeça, o cara que tem o poder da “caneta”. Essa figura é uma figura de autoridade e inspiração para a equipe e é esperado dela as coordenadas para a vitória. Seja na substituição de um jogador, na correção de uma jogada ou na lembrança de algo que tenha sido ensaiado. Essa pessoa é o cara!
Essa cena de Dorival chegando atrasado reflete muita coisa ruim no que diz respeito ao clima organizacional na equipe, entre elas:
- Falta de autoridade;
- Não há elo que lembre a equipe da importância dessa figura;
- Na hora do embate essa pessoa não é procurada, pois pode estar refletindo dispencialismo;
- Os liderados enxergam-se a si mesmos ou outras pessoas como referência na equipe.
Absolutismo x Democracia
E o que isso tem a ver com você, líder, no mundo real em que vive? A resposta é: tudo! Sim, tudo! Com o passar do tempo, no escritório, a figura do líder sofreu uma metamorfose muito grande para o lado ruim da força, digamos. Antigamente, a força era máxima e usada de forma desproporcional onde as pessoas temiam seus líderes. Dito isso, passou-se a ser pregada uma liderança mais leve, solta e quase sem autoridade alguma onde a democracia nas empresas passou a ser quem dita as regras. Ou seja, saímos de uma estrutura absolutista na qual o líder era o chefe supremo e terrivelmente temido para uma liderança extremamente frouxa onde o líder não tem autoridade alguma e passou a ser apenas uma marionete da liderança. Costumo dizer que os extremos sempre são ruins, pois até água, que é um item sine qua non para a nossa sobrevivência, quando ingerida em excesso pode acabar fazendo com que a pessoa se sinta mal. E você deve estar se perguntando: “Ok, Thiago. Se nem o absolutismo nem a democracia estão erradas. O que fazer?”
A Receita Correta
A resposta para essa pergunta é, como sempre, o equilíbrio. Uma empresa onde toda e qualquer decisão deve ser votada e implementada de acordo com a maioria acaba sendo lenta, “burrocrática” e, como bem se sabe, muitas vezes a maioria não é parte inteligente de uma amostra. E uma empresa onde não há ouvido para ninguém, assume-se que o líder é perfeito e nunca erra, ou seja, outra utopia. Logo, a resposta para essa indagação está na aristocracia onde o poder não se concentra unicamente na mão de uma única pessoa, mas num grupo de pessoas que tem o objetivo de pensarem juntos para chegarem a uma determinada decisão. Isto é, uma democracia setorizada em escala muito menor. No entanto, caso alguma decisão precise ser tomada e essa mini democracia não consiga chegar a lugar algum também, há uma espécie de regime absolutista guardado para essas ocasiões onde uma pessoa tem essa devida autoridade para “canetar”.
No ciclo de vida de uma empresa ela começa em uma espécie de regime absolutista, depois vai para a aristocracia quando começa a crescer e desemboca na democracia quando está bem grande e é aí que ela para de crescer.
Não sei como é a carta que a CBF deu a Dorival, mas pelo que vimos, parece, no mínimo, esquisita, ou, caso ela tenha dado uma boa carta, a pessoa do Dorival não se portou como um líder que cativasse a sua equipe. Mas hoje é dia de falar sobre sistemas de liderança, não sobre a pessoa do líder. Isso é conversa para outra hora.
Cabe a você escolher fazer ou continuar fazendo como Dorival ou iniciar o processo de mudança dentro da sua organização.
“A liderança é a capacidade de conseguir que as pessoas façam o que não querem fazer e gostem de o fazer.” Harry Truman