Chegamos ao final de mais uma edição dos Jogos Olímpicos que acontecem de quatro em quatro anos desde Atenas, 1896, ou seja, foram 30 edições dos Jogos e dessas 30, os EUA ou ficaram em primeiro ou em segundo no ranking geral de medalhas. Durante o período da Guerra Fria, a União Soviética era seu principal rival e agora no século XXI é a China. Interessante observar que esses adversários dos EUA sempre figuram grandes nações proeminentes no cenário geopolítico. Mas voltando à pergunta inicial, por que que os EUA sempre estão figurando nesse cenário?
A resposta para essa pergunta está na educação. Sim, mas como educação se relaciona com o esporte? Para o americano médio essa é uma relação direta. Vamos aos fatos.
Educação
Para início de conversa, não se olha para a custos de uma forma mensal lá fora, mas de forma anual, assim, o custo total com o curso, taxas extras, acomodação, seguros obrigatórios, livros e alimentação, segundo o site hotcourses.com.br em Harvard, por exemplo, é de cerca de U$83500. Logicamente, não é toda a população que consegue pagar isso, mas é aí que mora o grande “pulo do gato”, pois caso a pessoa tem um bom nível de performance durante o ensino médio ou alguma habilidade brilhante nos campos da música, esporte ou ciência, por exemplo, ele acaba ganhando bolsas consideráveis de desconto para estudar na universidade que ele aplicar e for aprovado. Sim, ainda que os pais tenham condição de pagar uma Harvard da vida, a universidade precisa aceitar o aluno que vai avaliar seu histórico escolar mais o SAP (o ENEM americano). Muitos pais começam uma poupança desde que o filho nasce e investem concomitantemente na vida esportiva de seus filhos para que no futuro possam tentar uma bolsa de estudos. Na grande maioria dos casos, existe também o crédito acadêmico onde um empréstimo financia a graduação do aluno e ele só paga isso quando estiver empregado (parecido com o FIEIS brasileiro).
O americano encara a graduação como um empreendimento, ou seja, ele espera colher retornos a partir desse investimento com bons empregos para os filhos ou negócios exponenciais, a propósito o Facebook nasceu dentro de Harvard, assim como, uma série de outras grandes empresas. Os baixos juros americanos estimulam muito o empreendedorismo. Há uma anedota que diz que se Mark Zuckerberg tivesse nascido no Brasil e vivido aqui, o Facebook nunca teria sido fundado, pois a carreira pública é muito mais atrativa (nada contra, apenas um fato, admiro quem trilha esse caminho).
Embora a grande maioria das universidades sejam pagas, é obrigatoriedade de o Estado oferecer ensino gratuito até o Ensino Médio. Assim, há muito fomento de competições esportivas nas ligas do famoso “high school” que até tem nomes simulares à graduação no que diz respeito às séries (junior high, senior high…) através de grandes infraestruturas e material esportivo de qualidade. Sem contas que as grandes ligas (NBA, NFL, MLS, NHL) hoje não aceitam atletas que não tenham passado pelas universidades (os últimos foram Lebron James e Kobe Bryant), assim, é fácil encontrar um economista de Harvard jogando numa NBA que foi o caso de Jeremy Linn quando estreou pelos Knicks, por exemplo.
Para que você tenha uma ideia da magnitude do esporte para o adolescente o jovem americano, tem um período chamado March Madness em março onde várias equipes de basquete colegiais se enfrentam a nível nacional e o país para assistir à NCAA (liga de basquete universitário). Após o período colegial, há o famoso draft que é a escolha dos atletas para os times ou o seguimento para esportes olímpicos.
Assim, devido a esse grande fomento e o ambiente competitivo que gera essa necessidade de performance acaba levando atletas a desenvolverem seus talentos e como são muitos americanos com esse estímulo, há também um grande leque de esportes para seguir carreira e também se cria um funil de atletas de alta performance de forma perpétua, ou seja, quando olhamos para 1986 e 2024 vemos o mesmo espectro: os EUA liderando ou, em alguns poucos eventos, em segundo lugar. No entanto, seus adversários vão e vem.
Your call
Não sei como você, como pai e mãe, olha isso, mas independente de bolsa em universidade no exterior, o esporte ensina disciplina, aprendizado na derrota, persistência, comprometimento, ética, entre outros ingredientes imprescindíveis para que se viva uma vida mais serena e sábia. Alguém me perguntou quais os esportes que recomendo para qualquer criança e o número 1 é a natação, pois sempre há uma praia, uma piscina, uma cachoeira ou um rio para nadar e desfrutar. Tenho certeza que caso essa habilidade não fosse desenvolvida, seria uma limitação bem abaixo da média no desfrute de tantas maravilhas que Deus deu. Sem contar que é o único esporte que trabalha a capacidade de VO2 das pessoas que é a capacidade máxima de um indivíduo transportar e metabolizar oxigênio durante um exercício físico incremental, assim, sendo a melhor variável fisiológica que reflete a capacidade aeróbica de um indivíduo.
Futuramente falei mais sobre esportes que considero sine qua non para qualquer um.
“No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita ou não faz.” Ayrton Senna